JUSTICEIRO DA ZONA LESTE MATOU
MAIS DE 100. HERÓI OU BANDIDO?
Chico e seus trabucos: criador deste blog presenciou esta foto |
Foi lançado em 3/10/2020, em YouTube, podcast e redes sociais, “Pé de Pato: As (in)Justiças de um Cidadão Comum”, que tem, entre outras fontes, este escriba, criador de Notícias Populares, o Blog, e também os repórteres-fotográficos José Maria da Silva e José Luis da Conceição, todos em ação no NP, em 1985, quando ganhou notoriedade a saga envolvendo o suposto justiceiro, que atuava na zona leste de São Paulo, mais especificamente no Itaim Paulista, e teria sido responsável por mais de 100 mortes.
Desenvolvido como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), o documentário foi realizado entre o segundo semestre de 2019 e o primeiro semestre de 2020 para o curso de Jornalismo da Universidade Anhembi Morumbi, com a proposta de recontar “essa história, através de registros históricos, documentos do caso e entrevistas com fontes relacionadas a esse personagem tão complexo da crônica policial paulistana”.
José Maria da Silva, clicou foto onde Chico mostra suas armas |
Além do trio de craques do Notícias Populares acima citados, os meninos ouviram, entre outros depoimentos, Afanazio Jazadji, radialista que intermediou a entrega à polícia de Chico Pé de Pato após ele matar um policial; o capitão Conte Lopes, e até o ex-presidente tampão Michel Temer, que à época dos fatos era secretário estadual de Segurança Pública em São Paulo.
O criador deste blog também deu seus pitacos no documentário |
Com os parabéns de Notícias Populares, o Blog, apresentamos aqui a ficha técnica ‘resumida’ dos envolvidos no documentário: Cíntia Ranusia como Abigail; direção Bruno Carvalho e Luis Gustavo Carvalho;produção Andressa Nascimento, Bruno Carvalho. Cayo Fischer e Luis Gustavo Carvalho; roteiro de Bruno Carvalho, Cayo Fischer e Luis Gustavo Carvalho; edição de Bruno Carvalho; orientação de Rogério Ferraraz.
José Luis da Conceição, colega do NP, é outro que está na fita |
Reproduzimos a seguir o conteúdo de um post deste blog, verdadeiro campeão de audiência, com milhões de visualizações no Brasil e mundo afora, onde resumimos em “priscas laudas” a história do matador idolatrado por alguns, odiado por outros. Na verdade, na nossa modéstia opinião, mais uma vítima deste país desigual e injusto, no sentido de ter uma justiça lerda e mal aplicada.
Para os estudantes de jornalismo vale a pena ler no original,
pois assim vão saber o que era uma lauda, no tempo em que as redações não eram
digitais:
Chico Pé de Pato: uma reportagem de gaveta
DE UM DOS PRIMEIROS JUSTICEIROS
Em meados da década de 1980, o autor deste blog era
repórter de polícia do famigerado Notícias Populares, como o leitor já está
careca de saber. Entrevistei Chico Pé de Pato, ou Francisco Vital da Silva numa
madrugada, em seu 'quartel-general' na zona leste de São Paulo, onde ele
reinava como um dos primeros justiceiros da capital.
Juntamente com o repórter-fotográfico José Maria da Silva,
ele foi conduzido ao local - acreditem -
numa 'barca' da Polícia Militar. 'Barca', era o nome que os repórteres
davam às viaturas da polícia naquela época - em geral uma perua Veraneio, da
Chevrolet. E por que numa viatura da polícia? Por que a dita cuja é quem
fornecia as vítimas para o 'justiceiro'.
Mulher e filha estupradas - Nas laudas abaixo - os
estudantes de Jornalismo terão a oportunidade de saber o que era uma lauda -
está faltando a retranca 2, ou o primeiro intertítulo da matéria. E era
justamente nela que estava o porquê Chico se tornara 'justiceiro'.
Sua mulher e sua filha haviam sido estupradas por
delinquentes do bairro. Chico foi atrás dos estupradores e deu fim à vida
deles. Como, segundo a polícia, eram 'marginais', livraram a cara de Chico. No
entanto, ele ficou refém dos 'home' e teve de se transformar em 'justiceiro'.
Os caras da polícia forneciam as fichas e ele matava.
Matou um tira e se danou - A reportagem sobre Chico ficou
na gaveta. A idéia era engordar a lista de justiçamentos de Pé de Pato, para
mostrá-lo como um verdadeiro herói da Zona Leste, ou mais propriamente da
região do Itaim Paulista. No entanto, nesse meio tempo, Chico matou, por
engano, um policial militar. A casa caiu. Teve que puxar o carro. A polícia que
antes fornecia as indições de quem seria justiçado, agora queria liquidá-lo.
Temendo por sua vida, Chico entrou em contato com a equipe
do Afnazio Jazadji, que tinha um programa na Rádio Capital. Foi armado um
esquema, com a presença de advogado e tudo, para ele se entregar na sede da
rádio, na avenida Nove de Julho.
Morreu com 51 estocadas - A matéria foi passada para outro
repórter do NP, o Júlio Saraiva. A reportagem deste blogueiro ficou na gaveta.
Só a lauda 2 - que contava as razões de ter virado justriceiro - foi
aproveitada
Chico entregou-se. Passado algum tempo a mídia esqueceu-se
dele. Ele foi jogado no meio de um monte de malacos na Cadeia de Franco da
Rocha. Acabou executado com 51 estocadas.
Clique nas laudas para ampliá-las. As laudas abaixo são uma
amostra de como funcionava uma redação de jornal num tempo em que não havia
toda essa magnifica tecnologia de hoje. Tinha de se escrever em papel, rebater
quando errava e colar com goma arábica as retrancas ou emendas.
A máquina de escrever do autor deste blog era uma Royal. Uma Royal, como se dizia, mil novecentos e bolinha...
Afanázio Jazadiji tinha coluna semanal no Notícias Populares |
Michel Temer, ex-presidente tampão, foi ouvido no vídeo |
Documentário também tem podcast. Curta por aqui também |